Policiais civis prenderam ontem oito integrantes de uma quadrilha acusada de fraudes milionárias contra seguradoras de carros: foram R$ 2 milhões nos últimos dois anos. O grupo contava com a ajuda de uma inspetora da 16aDP (Barra da Tijuca), bairro onde a quadrilha agia: era ela quem registrava os falsos roubos de veículos blindados. A operação que desbaratou o bando foi batizada de Blindagem Segura.
- A inspetora era peça fundamental no esquema. Ela fez oito registros falsos, com certeza.
Não sabemos ainda se ela pode ter pedido a colegas para registrar outros roubos - disse o delegado Flávio Brito, da 60ª DP (Campos Elíseos).
Os criminosos compravam carros de luxo com blindagem com validade próxima de vencer (o prazo é de cinco anos), o que barateava muito o preço de mercado deles. Mesmo assim, os automóveis tinham valor de seguro alto e ainda um adicional de R$ 50 mil ao prêmio por causa da blindagem.
O empresário Marcelo Sales Scola e o técnico judiciário Paulo Maurício Freitas Pinto eram, segundo as investigações, os chefes da quadrilha.
Ambos compravam os carros e contavam com a ajuda de quatro mulheres para conseguir pessoas para fazer os registros falsos de roubo: a advogada Eliane Capello Lamarca (mulher de Marcelo), a donade-casa Vênus Pinho (mulher de Paulo), a técnica judiciária Aparecida Lima e a advogada Maruska Amorim.
A inspetora Cláudia Gaspar registrava as queixas e o despachante Marcus da Cunha teria contatos em seguradoras para fazer com que os veículos, mesmo com blindagem perto do fim do prazo de validade, fossem segurados.
As prisões aconteceram em três bairros: Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Vila da Penha. Sete dos acusados estavam em casa quando foram surpreendidos. Já a policial recebeu voz de prisão do delegado titular da 16ª DP, Carlos Augusto Nogueira Pinto.
Em imóveis na Penha, em Rocha Miranda e Brás de Pina, a polícia apreendeu celulares, documentos, jóias, carnês de prestação de carros, placas e três computadores portáteis.
A investigação que gerou a Blindagem Segura começou há oito meses e foi feita com base em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Segundo o delegado Flávio Brito, só no período de monitoramento, a quadrilha usou pelo menos 16 carros para golpes.
Quanto ao destino dos automóveis depois da falsa comunicação de roubo, o delegado acredita que eles eram vendidos para fora do país: - O Paraguai, por exemplo, é um mercado muito bom de blindados roubados.
O próximo passo nas investigações é identificar quem eram as pessoas recrutadas pela quadrilha para fazer os registros de ocorrência falsos e se havia funcionários das seis seguradoras lesadas - algumas em até R$ 700 mil - passando informações para o bando.
Os acusados foram autuados por formação de quadrilha e estelionato. Já a policial responderá a inquérito também por corrupção ativa.
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