sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Setor de seguros blindado contra a crise

Data: 24.09.2008 - Fonte: Gazeta Mercantil

O perfil conservador de administração de recursos das seguradoras brasileiras e um conjunto de regras bastante rígido ajudaram a blindar o mercado de seguros do País, enquanto o American International Group (AIG) mergulhava na crise financeira internacional. Impedidas de usar os recursos de prêmios de seguros dos clientes e até mesmo de seus ativos em aplicações arrojadas do mercado acionário e no exterior, as seguradoras são obrigadas a optar por investimentos de baixo risco. Até junho deste ano, 98% dos ativos das companhias estavam depositados em títulos de renda fixa, enquanto apenas 2% se concentravam em ações. "Há muitas restrições, como diversificação de aplicações entre vários papéis, a obrigação de a empresa de seguros escolher só papéis de alta qualidade ou investir limitadamente em ações de empresas do mesmo grupo", explica Murilo Chaim, diretor da Susep. Segundo Chaim, o fato de a AIG ter sido um dos protagonistas da crise nos Estado s Unidos não afetará as companhias brasileiras do setor, mas elevará o conservadorismo. "Nenhum player de seguros sofrerá conseqüência expressiva, mas a economia reage e, mesmo com a nossa blindagem, as empresas tendem a ficar mais conservadoras." Para o diretor da Itaú Seguros, Vida e Previdência, Osvaldo do Nascimento, as altas taxas de juros do País também impedem com que as seguradoras avancem para o mercado de renda variável. "É natural que as empresas, em função dos juros elevados, se concentrem na renda fixa. No mundo também é assim, as empresas buscam segurança, mas têm mais margem de alavancagem", conta. Flexibilização O especialista Gustavo da Cunha Mello, da corretora Correcta Seguros, é um dos defensores de mudanças nos padrões de investimento do setor. "As regras mais prudenciais trazem vantagens para os clientes, que estão mais tranqüilos, mas num cenário onde a renda variável apresenta bom desempenho, as seguradoras não participam disso", comenta, defendendo uma maior integração entre as seguradoras e o mercado financeiro. "As empresas poderiam emitir derivativos para que investidores tivessem opção de aplicar em carteiras de seguros lastreadas em apólices. Com isso, seria possível criar produtos diferenciados." Murilo Chaim, diretor da Susep, rebate as reivindicações: "Existem algumas demandas para diversificação [de aplicações] com recursos livres, mas não as consideramos expressivas, afinal o negócio é ter dinheiro para cobrir perdas, é bom para as seguradoras ter solvência para cobrir sinistros.
"(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Luciano Máximo)

Nenhum comentário: