quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Crise faz seguro garantia tomar lugar da carta de fiança bancária

SÃO PAULO - O seguro garantia deve tomar o espaço da carta de fiança bancária, na qual o banco assume a qualidade de fiador, devido a restrição de crédito dos bancos por conta da crise financeira internacional. A Unibanco AIG, por exemplo, já sente o aumento de 35% na procura pela modalidade seguro garantia judicial, apenas no mês de setembro deste ano.
Segundo o gerente do seguro garantia da Unibanco AIG, Thiago Moura, se por um lado, a ausência de crédito pode afetar investimentos em algumas obras no setor privado, por outro, aumenta a preocupação das empresas em garantir a finalização de seus projetos, o que gera a maior procura pelo seguro garantia (garante o cumprimento de uma obrigação contratual, seja ela de construir, fabricar, fornecer ou prestar serviços). "Além disso, nossa principal concorrente, a carta de fiança bancária está mais limitada pelos bancos."
De acordo com o diretor de Grandes Riscos da Allianz, Ângelo Colombo, apesar de a restrição de capital aumentar o preço do resseguro mundial e de o nível de exigência, por parte tanto da seguradora como da resseguradora, o seguro garantia será a melhor opção devido à limitação da carta de fiança bancária. Segundo o diretor do ramo de Riscos Especiais da Marítima Seguros, Cláudio Saba, com a incerteza do mercado, a tendência é aumentar a procura pelo seguro garantia. "A demanda provavelmente será maior do que a oferta, elevando o preço do seguro".
Para ele, os riscos que as seguradoras assumem estão vinculados a resseguradores e seus parceiros. Se o parceiro está falindo devido a crise, a resseguradora vai ser atingida, diminuindo sua capacidade e aumentando sua exigência para aceitar riscos.
Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o segmento cresceu 49% de janeiro a setembro de 2008, com prêmios diretos de R$ 324 milhões, contra R$ 218 milhões no mesmo período de 2007.
Para 2009, a JMalucelli espera uma retração no número de negócios e um aumento de custos relacionados a preço de resseguro. Segundo o diretor da empresa, Silvio Honda, o mercado deve crescer no próximo ano em níveis inferiores aos de 2007 (77%) e de 2008 (até agosto de 62%). "Como somos parte de um conglomerado financeiro, liderado pelo Paraná Banco, dono da JMalucelli Seguradora e da JMalucelli Resseguradora, e exploramos a fundo a sinergia com o banco, podemos ter uma situação diferente dos demais players do setor. Para ele, com a crise, o volume de obras do setor público (impulsionado pelo PAC) pode diminuir e afetar o setor de garantia, pois por mais que o governo ajude, existe e questão da 'financiabilidade' e, no momento, o mercado está praticamente fechado para funding.

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